O meu silêncio de vários dias foi proposital. Na verdade, um teste. Para continuar (ou não) a minha tarefa de neófita blogueira, precisava avaliar aquilo que a minha suspeita acabou por revelar ser verdadeiro: um blog (no caso, o nosso) é, na verdade, um monólogo, ouvido (lido, visto) por milhares de pessoas que “passam” , como quem passa distraído por uma vitrina, olha os manequins (as fotos) e prossegue sua caminhada à busca de “novidades”. Quantos realmente terão lido o que aqui foi escrito? No mundo da informação há um fastio bulímico. A Internet, repete, para minha surpresa, a função da TV (uma tela luminosa e muitas vozes a falar para passivos e sonolentos telespectadores, sem nenhuma espécie de interatividade). Era preciso avaliar até que ponto estes registros são necessários ou puramente dispensáveis, o tal feed-back. Toda a ação, sabemos – ao menos na teoria – deve provocar uma reação. Se não a provoca, se o silêncio se faz, a ação falhou. A mornidão me apavora (e é bíblica), tenho horror a tudo que é morno (inclusive sopa e café – se não queimar a língua, devolvo). Apesar do esforço, suspeito que a falha foi minha, ao deixar indiferentes os mais de 26.000 visitantes, que não foram “tocados” pela necessidade de (com)partilhar nem interagir ou polemizar com as idéias que por aqui circularam. Mea culpa (faltou-me engenho e arte para atear o fogo na campina virtual)
Dessa forma, ficaremos por aqui, nada de blog. O Alpharrabio seguirá com sua proposta do encontro presencial para o qual, há mais de 15 anos, foi idealizado. Sem cobranças, claro. Virá à Rua Eduardo Monteiro, 151, em Santo André, quem puder e esteja intessado na proposta (ou apenas para tomar um café e percorrer os olhos pelas lombadas coloridas). Tudo deverá seguir seu curso espontaneamente. As ações ficarão restritas ao “olho no olho”, isto é, se ainda houver olhos dispostos a isso…
Ainda assim, abraços agradecidos, a todos aqueles que tiveram a amabilidade de nos visitar durante estes meses em que estivemos “no ar” e, mais ainda, aos poucos que aqui deixaram sua palavra de incentivo e cumplicidade. Aguardaremos e receberemos com todo o prazer a presença física de todos aqueles que estiverem por perto e desejarem nos visitar. O email do Alpha ( alpharrabio@alpharrabio.com.br ) permanecerá disponível para a nossa comunicação virtual. Até mais. dalila teles veras
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- À Janela dos Dias – Dalila Teles Veras (até maio de 2013)
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Boa noite
Todos os dias lemos jornais, revistas, ouvimos rádio, vemos alguma TV, lemos páginas de um livro, mas raros somos os que escrevemos cartas de leitor para os jornais ou revistas, rarissimos os que escrevem para as editoras à procura dos autores, infimos os que ligam para as rádios, enfim essa interatividade desejada é feita à distância sem o conhecimento direto dos criadores.
Como blogueira há alguns anos penso que blogar é uma partilha comigo, com os amigos, com os desconhecidos, um apontamento de mundo, sei que pedir eco é algo irreal, quantos blogs leio e não deixo mensagem – muitos. Mas leio blogues porque me informam, porque me divertem, porque me provocam, os blogues têm um lado de crónica fascinante, lamento muito pela sua desistência.
Sempre foram poucos e diferentes os que fizeram e fazem a diferença.
Você Dalila que tanto tem feito, sei que continuará a criar, provavelmente num meio mais amigavel e palpável que é o papel, mas está dentro de si a inquietação de quem vê o mundo com cores próprias.
A internet tem dessas coisas, parece que não está e está em todo o lado.
Mas as pessoas morrem de medo das palavras, elas são potentes e marcantes, como tão bem sabe.
cara poeta fico torcendo para que não desista de partilhar virtualmente algumas das suas criações, reflexões….
abraços fraternos
Constança
Constança, queria dizer algo e não encontrava o tom. Você o achou, concordo com você. Ainda que frustre um pouco nossa Dalila a falta de interatividade, é fundamental seu generoso partilhar. Ela, por certo, não pode aquilatar o quão importante são seus registros para nós ávidos leitores. Ao mesmo tempo, estou segura de que, de alguma forma, havemos de não ser privados desse bem.
caramba mais ninguém se manifesta, ou são preguiçosos ou então não sei
o Fazer unicamente para si não é uma ação viável, ainda mais quando falamos de uma blogosfera dessa qualidade.
eu entendo e também já descobri que as pessoas tem… talvez preguiça, talvez não-conteudo ou apenas acham que as palavras não precisam de ressonâncias.
a internet com certeza, Alpha, é para poucos olhares que tem o tempo de pesquisar e realmente ler algo de conteudo.
achei o seu saite pela revista zunai. depois de ler alguns ensaios e poemas, vi num enquete discutindo a vida dos saites.
digo que é melhor a poesia contato, a poesia com dicção.
se um dia for em santo andre, ligo ou mando um email para declamar ou amar um pouco mais as palavras.
acho que essa empreitada de quem quer reciprocidade na internet acha as vezes perolas ou interlocutores que possam viver a palavra. o duro é quando os encontros demoram.
Tu quoque, Brute? (Até tu, Brutus?)
Será que uma pessoa já não pode ir de férias que quando volta encontra o mundo virado do avesso? Onde pára a “massa cefálica” desta Galáxia que perante uma tão grande provocação de Dalila não se manifesta?
Se por um lado, a bloguista se queixa pela falta de feed-back escrito, por outro lado é a própria a dizer que recebeu mais de 26.000 visitas (numero bem razoável). Como se pode esquecê-lo? Apenas meia duzia de contactos? Antes poucos e bons que muitos apenas só para o boneco, certo?
Neste momento vem-me à lembrança o “Cântico Negro” de José Régio
“(…)
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: “vem por aqui”!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se levantou,
É um átomo a mais que se animou…
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!”
Psst! Hello!!! ACORDEM!!! Este BLOG não tem o direito de MORRER!!!!!!!!
Diz a autora do blog que “Toda a acção, sabemos – ao menos na teoria – deve provocar uma reacção. Se não a provoca, se o silêncio se faz, a acção falhou.”
Permito-me discordar. Que tal mudar a acção? Melhor, provocar reacção?
“Embora os meus olhos sejam
os mais pequenos do mundo
o que importa é que eles vejam
o que os homens são no fundo
Que importa perder a vida
na luta contra a traição
se a razão mesmo vencida
não deixa de ser razão
Vós que lá do vosso império
prometeis um mundo novo
calai-vos que pode o povo
querer um mundo novo a sério
Eu não tenho vistas largas
nem grande sabedoria
mas dão-me as horas amargas
lições de filosofia”
Este poema é de António Aleixo, cauteleiro e pastor de rebanhos, cantor popular de feira em feira, pelas redondezas de Loulé (Algarve – Portugal).
Não era totalmente analfabeto, apenas porque sabia ler, quanto à escrita já havia muita imperfeição. Resumindo, a sua preparação intelectual não lhe deu qualificação para poder ser considerado um poeta culto. Mas ficou sendo conhecido por o maior poeta popular (O poeta do povo).
Este Homem do Povo, falando a linguagem do povo, e não só para o povo, incomodou muita gente, principalmente aquela que tem horror de misturar-se com o “povo”.
“É fácil a qualquer cão
Tirar cordeiros da relva.
Tirar a presa ao leão
É difícil nesta selva. “
Psst! Hello!!! Acordem!!! Este BLOG não tem o direito de encerrar!!!!!!!!
“Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.”
Sophia de Mello Breyner
Porque os outros não se importam mas eu não
Porque os outros se aquietam mas eu não
Rufem os tambores toquem os sinos a rebate
Sou da Paz mas não fujo em combate
Psst! Hello!!! Acordem!!! Este BLOG não tem o direito de encerrar!!!!!!!!
dalila, você sabe da minha falta de intimidade com a mquininha. Ainda assim fico sabendo dos biscoitos finos que frequentam os bons blogs. Foi assim que tomei conhecimento da sua interrupção, pois, pelo que conheço de você, seu blog há de voltar a funcionar como massa fina entre tantas massas maltratadas que existem por aí responsáveis pelo afastamento de eventuais blogueiros. Volte, Dalila, volte, pois desisir não figura entre os propósitos de uma lutadora como você. Aguardo, ansioso, pelo seu retorno. Abraços