Tempos atrás, andei a publicar anotações de leituras (tanto pela Internet quanto em alguns jornais) retiradas de meu diário (que nem sempre é registrado com intenções literárias). Ocorreu-me de passar a transcrever aqui algumas dessas anotações (de variadas épocas), mas inéditas, posto que em 2006, Luzia Maninha apropriou-se de um punhado delas e publicou uma plaquete que foi distribuída entre os frequentadores da livraria, na comemoração do seu 14º aniversário. Pois bem, aí vai a primeira. Se aprovarem, continuarei a publicá-las:
quarta 4
Leio “Os trabalhos e os Dias”, de Hesíodo, (Ed. Iluminuras, 4a. edição, 2002, na coleção Pólen, dirigida pelo poeta Rubens Rodrigues Torres Filho), obra com 382 versos, escrita há 27 séculos, mas tão atual, como se ontem tivesse sido escrita, dado que trata da condição humana (e da tentativa de organizar os humanos, através da chamada “Filosofia da Justiça”). Hesíodo, para seu irmão, Perses: ”Já dividimos a herança e tu de muito mais te apoderando levaste roubando e o fizeste também para seduzir reis comedores-de-presentes, que este litígio querem julgar. Néscios, não sabem quanto a metade vale mais que o todo nem quanto proveito há na malva e no asfódelo” Os gregos sabiam tudo de homens e de deuses e, através de máximas como essa, a do dever de “observar a medida”, recomendavam a prudência. Paradoxalmente, sabemos, jamais conseguiram evitar o excesso. O excesso é próprio das paixões e os gregos souberam muito bem representá-las (vivê-las?). (dtv)
“Os gregos sabiam tudo de homens e de deuses”(…)
De certeza? Talvez o erro sejam as certezas. Todo o mundo tem certezas (absolutas?) – que grande utopia.
Mas o Mundo está cada vez mais doente – é real, não é certeza é constatação.
E todo o mundo continua cheio de certezas. E com tantas certezas onde fica a prudência?
Grandes civilizações se foram e as actuais nada assimilaram com as “certezas” findas, continuam a criar (?) novas “certezas”.
Para que servem ?! O Mundo continua doente e os deuses… esses observam do seu pedestal e nós, nós continuamos nas nossas certezas. Vamos descobrir novos Mundos (planetas, galáxias até) e conspurcamos o nosso, vamos a Marte procurar água e desperdiçamo-la na Terra, etc., etc., etc.
Somos os maiores, com certeza!!!
ando à procura do O Livro dos Sonhos do Jorge Luis Borges se aparecer por aí
abraços