Do Fio Que Tece Afetos

Do Fio Que Tece Afetos    

edição Livraria Alpharrabio

O projeto “DO FIO QUE TECE AFETOS” tem uma abordagem acolhedora e dinâmica, em agrupar artistas das mais diversas poéticas que utilizam o fio têxtil – em sua íntegra ou ocasionalmente: são costuras, bordados, nós, desenhos, etc, mostrando a variedade de conceitos e técnicas com esse material cada vez mais comum na arte contemporânea. A princípio, o projeto envolverá exposição de artes visuais e/ou performance. Essas duas formas de apresentação poderão ser individuais e/ou em conjunto, pois o projeto tem caráter itinerante e rotativo.

Na Livraria  Alpharrabio, damos início ao 1° “fio-ação” do projeto com uma performance coletiva com as artistas Alessandra Vetorazzi, Bruna Marassato e Vitória Fogaça, todas do ABC, assim como eu, honrando nosso local de origem.

A performance “Do Fio que Tece Afetos” usa o trabalho manual como gatilho de conversas, a resgatar memórias afetivas e a ancestralidade, formar laços, trocar experiências. Acessar ao poder do elemento feminino, do yin, que existe em todas as criaturas. E posteriormente, a pedido da Escritora Dalila Teles Veras, registrar impressões de maneira gráfica.

Que as vivências desse momento sejam prósperas e vibrantes no espírito de cada um.

Andrea Cabrini

Maio de 2024

Projeto

Vivemos numa época de solidão voluntária: entretemo-nos com os celulares, aplicativos e sites. A pandemia parece ter enfatizado ainda mais esse estilo de vida. A intolerância reina cada vez mais na violência e indiferença das relações humanas.  Estamos felizes assim? Pelo número crescente de distúrbios mentais e emocionais, não.

Outra pergunta: como a arte poderia ajudar as pessoas voltar a se conectar? Trocar experiências e se humanizar socialmente?  AssistI um vídeo curto sobre um trabalho da artista mexicana Elina Chauvet (@elinachauvet), no qual ela conta com a ajuda de bordadeiras que fazem seus trabalhos têxteis sobre vestidos de noiva em alta costura. Essas mulheres protestam e denunciam suas dores de um feminino ferido. Esse trabalho me comove tanto que decido realizar um projeto baseado no fio têxtil, como elemento de expressão, libertação e conexão.

Descobertas antropológicas mostram que a agricultura aparece juntamente com o encontro da linha e agulha. Encontro para confecção de agasalhos a nos proteger do frio congelante da ”era do gelo”. E essa necessidade de preservação da espécie vai se transformando ao longo dos milênios, sendo hoje prova de comunidades de subsistência, autonomia e protesto; preservação da tradição, história e resistência.

Para mim, esse processo de evolução pode ser visto no episódio mitológico do fio de lã vermelho de Ariadne: de sonhadora em ser a esposa de um belo homem (Teseu), acaba se transformando na consorte semidivina (Dionísio), autônoma e poderosa junto aos humanos.

Às mulheres, até pouco tempo, não era dada a possibilidade de leitura, ficando o uso da linha e agulha ao seu devir na sociedade. Então, assim, nasce o agrupamento delas num mesmo local e elas se tornam donas de seu tempo, trocando experiências, revelando seus segredos, suas dores e alegrias. Isso acontece há séculos e em todas as partes do mundo. Nos documentários que assisti para preparar esse projeto, ouvi muitas pessoas dando testemunho de seus encontros com sua ancestralidade, honrando a liberdade de expressão, e por vezes, financeira, que suas costuras lhe proporcionam. Em outras palavras: não, esse projeto não visa engradar os artistas na visão de funil da domesticidade do artesanato, ao contrário, estamos aqui para mostrar como o material têxtil transgride – transfigura – transborda – transcende.

O projeto “DO FIO QUE TECE AFETOS” tem uma abordagem acolhedora e dinâmica, em agrupar artistas das mais diversas poéticas que utilizam o fio têxtil – em sua íntegra ou ocasionalmente: são costuras, bordados, nós, desenhos, etc, mostrando a variedade de conceitos e técnicas com esse material cada vez mais comum na arte contemporânea. A princípio, o projeto envolverá exposição de artes visuais e/ou performance. Essas duas formas de apresentação poderão ser individuais e/ou em conjunto, pois o projeto tem caráter itinerante e rotativo.

Na Livraria  Alpharrabio, damos início ao 1° “fio-ação” do projeto com uma performance coletiva com as artistas Alessandra Vetorazzi, Bruna Marassato e Vitória Fogaça, todas do ABC, assim como eu, honrando nosso local de origem.

A performance “Do Fio que Tece Afetos” usa o trabalho manual como gatilho de conversas, a resgatar memórias afetivas e a ancestralidade, formar laços, trocar experiências. Acessar ao poder do elemento feminino, do yin, que existe em todas as criaturas. E posteriormente, a pedido da Escritora Dalila Teles Veras, registrar impressões de maneira gráfica.

Que as vivências desse momento sejam prósperas e vibrantes no espírito de cada um.

Andrea Cabrini

Maio de 2024