Eu sou um caboclo nascido na mata, região do Oeste do Pará. Carrego memórias. Eu sou o barro que vira vasilha, o tronco da castanheira, o igarapé fundo, léguas a percorrer. Eu sou o curumim que conversar com os bichos, a flecha, a chuva, o canto da Yara e a flor do tucumã. Sou também, a vontade de gritar por todos que morreram em nome da vida. Eu sou a fogueira que ilumina a floresta, e avisa que existimos, que aqui estamos e resistiremos, nesse território que é nosso. Sou a paixão pelo conhecimento e a vontade de multiplicar essa colheita, em nome da memória do meu povo amazônida.
Como artista paulista, migrante do estado do Pará e que vem nesse resgate e valorização das origens culturais indígenas, considero importante ratificar a fala da rapper indígena Katu Mirim, quando afirma que os povos indígenas, existem antes das cidades. Eu estou em contexto urbano. Não sou a urbanização, sendo deste modo, importante o acesso aos meios de publicação desta obra, que também contribuirá para uma reflexão sobre a identidade cultural indígena brasileira.